por Letícia Gonçalves
Crescem os estudos que comprovam  como os familiares interferem na nossa saúde física e mental, independente da  idade. Uma pesquisa publicada no Jornal da Associação Americana do Coração, por  exemplo, comprovou que pacientes da terceira idade se recuperam muito mais  rápido de derrame quando acompanhados dos parentes. Já um outro estudo recente  da Universidade de Oregon, nos EUA, indicou que pais com dificuldades de  relacionamento têm mais chances de ter bebês com distúrbios durante o  sono.
Manter o vínculo afetivo é uma  vantagem e tanto, mas nem sempre é fácil. "Há famílias que se veem muito, porém  as pessoas não são tão próximas, porque tem o componente da afinidade.  Construímos vínculos com as pessoas que nem sempre podem existir nas famílias",  explica a psicóloga Eliana Alves, do Conselho Regional de Psicologia do Rio de  Janeiro. Confira a seguir alguns ingredientes diários que podem incrementar os  laços afetivos e aumentar - de fato - a união familiar. 
1. Respeite os  limites de cada umEsse é um dos hábitos mais difíceis, pois implica  aceitar algumas diferenças. "Cada indivíduo da família tem seu ritmo, seu jeito  de vivenciar as coisas da vida. Tanto os filhos como os pais desenvolvem essa  percepção do 'jeito de cada um'", conta o psiquiatra Paulo Zampieri, Terapeuta  de Casais e Famílias, de São Paulo. Procurar respeitar essas peculiaridades -  desde que não sejam preocupantes - pode ajudar a resolver conflitos familiares  de uma forma muito mais fácil. 
2. Priorize o  bom humorProcure encarar os conflitos familiares com mais disposição.  Muitos deles surgem por motivos pequenos e são alimentados pelo cansaço e  estresse do dia a dia. "Encarar conflitos já é melhor do que evitá-los e há de  ser com bom humor, senão fica sempre parecendo cobrança ou bronca", aconselha o  psiquiatra Paulo Zampieri.
3. Cozinhe em  conjuntoA psicóloga Eliana Alves fala que é importante criar espaços  que propiciem um vínculo afetivo. "Vivemos no imperativo da falta do tempo, mas  é necessário se preocupar em criar momentos para conviver com nossos  familiares", diz a especialista.
Para driblar essa falta de tempo,  os programas conjuntos podem ser tarefas diárias como as atividades domésticas,  que permitem uma troca de experiências. "Atividades lúdicas e domésticas ajudam  todos os membros da família a se apropriarem dos pertences do lar, aprendendo  juntos as tarefas que um dia os filhos também farão", afirma o psiquiatra Paulo  Zampieri.  
4. Incentive o  diálogoEssa é uma das práticas mais fundamentais. De nada adianta  viver unidos sob o mesmo teto se não há conversa, se as pessoas não compartilham  seus sentimentos e experiências de vida. O diálogo permite saber o que o outro  está pensando e sentindo e é a melhor forma de resolver  desentendimentos.
"Os familiares são os maiores  parceiros que filhos, pais e avós têm naturalmente na vida", lembra o psiquiatra  Paulo Zampieri, que dá uma boa dica para fortalecer os vínculos por meio do  diálogo. "Peça aos avós que contem como foi a vida deles, como se uniram, o que  pensavam da vida. É um jeito interessante de co-construir a história da família  por meio dos protagonistas mais velhos e permite conhecer como os costumes  mudaram", completa. 
5. Crie  momentos de lazer com todosOs familiares servem de apoio nas horas  difíceis, mas também podem ser ótimas companhias para momentos de distração e  divertimento. O psiquiatra Paulo Zampieri conta que, quando os filhos são  pequenos, fica mais fácil: "É só convidar que todos vão", comenta.
No entanto, quando os filhos  crescem e se tornam mais independentes, essas ocasiões ficam cada vez mais  incomuns. "Quando a família cultiva esses hábitos desde cedo, gera a  possibilidade de conservar atividades de lazer em conjunto em etapas mais  adultas", completa o especialista.
6. Procure  estar disponívelNão precisa ser super-herói: é impossível estar  disponível o tempo todo e a família precisa entender isso, principalmente as  crianças. Entretanto, mostrar disponibilidade para conversar e dar atenção,  sempre que possível, é fundamental. De acordo com o psiquiatra Paulo Zampieri,  os pais devem fazer isso de forma declarada. "Conte comigo", "sou seu parceiro"  ou "se precisar, estou aqui" são frases que ajudam os filhos a encontrarem um  momento de poder falar.  
7. Evite que a  rotina agitada e estressante interfira no contato familiarÉ nada  agradável encontrar uma pessoa em casa com a cara fechada, sem vontade de  conversar. Experimente imaginar que, no momento em que você for passar pela  porta de entrada, as preocupações do trabalho ficarão do lado de fora. A família  poderá ser uma excelente forma de distração!
Em alguns momentos, procure também  deixar o trabalho e demais compromissos em segundo plano. "Tal postura pode  indicar valorização do contato, como se a pessoa estivesse dizendo à família:  'vocês são importantes para mim'", afirma a psicóloga clínica Michelle da  Silveira, de São Paulo. 
8. Invista no  afetoHá várias formas de manifestá-lo, vale a sua criatividade de  adaptá-las ao tempo e à rotina que você possui. Não se esqueça também do carinho  físico. Um simples abraço proporciona conforto e uma ligação muito forte. "O  afeto pode ser uma forma de aproximação das pessoas. A partir dele, outros  sentimentos fundamentais para as relações serem estabelecidas são formados,  como: respeito, compreensão, tolerância, entre outros", explica a psicóloga  Michelle da Silveira. 
9. Não espere  os finais de semanaProcure se lembrar de estreitar os vínculos  sempre. Um telefonema, um email ou mesmo uma mensagem por celular podem ser  demonstrações de afeto que fazem a diferença. "Com maior tempo de interação, as  pessoas poderão se conhecer melhor, agregar pontos positivos da outra pessoa,  descobrir afinidades e, a partir daí, estreitar os laços que podem levar à  construção de vínculos mais estáveis", esclarece a psicóloga Michelle da  Silveira.
10. Reconheça  os próprios errosNinguém na família é perfeito, inclusive os pais.  Segundo a psicóloga Michelle da Silveira, assumir falhas pode implicar em  mudança, uma vez que a pessoa refletiu sobre a sua ação e, em uma próxima  situação parecida, tentará agir de forma diferente. "Esse comportamento de  flexibilidade gera confiança na pessoa com a qual se relaciona, pois ela fica  com a idéia de que o erro poderá não se repetir", completa. 
11. Crie  momentos a sós com cada umEstimular ocasiões exclusivas entre marido  e mulher ou mãe e um dos filhos, entre outras possibilidades, facilita a  comunicação. A psicóloga Michelle da Silveira explica que isso favorece o  conhecimento entre as pessoas e facilita a criação de sentimentos, como  intimidade e confiança. 
12. Seja um  exemploSuas pequenas atitudes no âmbito familiar podem gerar  admiração pelos parentes. Quando há essa admiração, a possibilidade de existir  vínculos é maior. A psicóloga Michelle da Silveira explica: "Existe nas relações  a intenção comum entre as partes de agregar valores, e só é possível obter esses  valores, em geral, de alguém sobre o qual se nutre admiração".  
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